quarta-feira, 1 de maio de 2013

terça-feira, 19 de março de 2013

Depois de anos... Tudo igual mas diferente - parte 5

Fui o primeiro a acordar. Estava todo dolorido e morrendo de sede. Beirando meus 30 anos, não estava mais acostumado a dormir em saco de dormir, e bebemos muito ontem. Ainda era cedo, pelo que parecia. Sentei na sombra de uma árvore na beira do lago e comecei a meditar. Abrir os olhos depois da meditação e ver aquela paisagem foi uma experiência única. Fiquei uns minutos contemplando o lugar, analisando cada pedaço de mata, grama, cada irregularidade da margem do lago... Os patos nadavam juntos para o centro  e de vez em quando via-se um peixe saltar.
Decidi entrar, um mergulho matinal naquele lugar seria bom! "Bom dia!", disse Di já ficando só de sunga e entrando no lago. E aí, beleza? Dormiram bem? "Dormimos. O Fê ainda está dormindo, na verdade.". Conversamos sobre um assunto qualquer, então comecei a nadar. Fui até a metade do lago e voltei. "Gui, muito obrigado!". Obrigado pelo que? "Por tudo... Por insistir nessa viagem, por ter falado o que falou pro Fê... Ele me contou à noite. Eu sabia que não teríamos problemas com você, estava preocupado com os outros. Eu vi que você ficou tentando quebrar o gelo toda hora, entrosar o Fê na turma. Obrigado mesmo! Senti muito sua falta esses anos todos. Você foi meu melhor amigo, não queria perder isso.". Não vai perder, reuni todos pra resgatar tudo isso, também senti muita falta.
Ficamos mais um tempo no lago e então resolvemos voltar ao acampamento. Fê estava preparando o café da manhã enquanto Ti fazia umas piadas e os dois gargalhavam. Jorgito ainda está dormindo? "Estava falando pro Fernando agora que vou acordar ele com um balde d'água, como fiz naquela viagem pra praia, lembra? Vou encher o balde no lago e já volto.". "O Ti é meio pirado as vezes, amor. Não liga não.", falou o Di pro Fê.
Tiago voltou com o balde transbordando e foi direto em direção à barraca, entrou e só ouvimos um grito e xingamentos. "Volta aqui seu filho da puta!", Jorge gritou correndo atrás do Ti. Todos morremos de rir e ficamos observando. Ti conseguiu alcançar Jorge na beira do lago e o empurrou. Os dois caíram e começaram a brincar. Pareciam duas crianças que nunca haviam visto água.
"Pena que não conseguimos marcar essa viagem em um feriado. Está muito divertido". Eu bem que tentei Jorge... Mas precisamos arrumar as coisas e voltar enquanto ainda for dia. Essa estrada de terra parece ser meio traiçoeira.
Terminamos de arrumar tudo, tiramos as últimas fotos e voltamos pelo bosque. Guardamos tudo no porta malas e pegamos a estrada. Posso colocar um cd? Ou querem colocar algum som? "Poe aí, que som?" The Black Keys, conhece Fê? Comprei esse último cd deles e adorei, principalmente pra ouvir pegando estrada, ou tomando uma brejinha.
A viagem de volta foi mais divertida ainda. Demos muita risada. Deixei cada um em sua casa, só o Di e o Fê que foram até a minha para pegar a moto.
Fomos perdendo contato novamente com o passar do tempo... Não adianta, o que não tem que ser, não é. Só continuo conversando e saindo as vezes com o Di, que aliás, casou com o Fê, estão morando juntos, e me consideram como um padrinho... E a vida continua.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Depois de anos... Tudo igual mas diferente - parte 4

Era exatamente isso que queríamos: natureza e uns dias só nós 4 (5 com o Fê), pra colocarmos o assunto em dia. Continuei dirigindo por mais uns quilômetros até que avistei um pequeno bosque. Acho que aqui é um lugar bom! - disse parando o carro. "Aqui?? Tem certeza, Gui?", perguntou o Ti com uma voz de desconfiança e medo. "Bom, vou dar uma volta pra reconhecer o terreno e ver se o lugar é bom pra acamparmos. Alguém me acompanha?". Fê prontamente se ofereceu. Olhei pro Di e ele acenou com a cabeça, dizendo que não tinha problema. Adentramos o bosque, era maior do que eu esperava. Fomos conversando sobre vários assuntos, ele era muito gente boa, fiquei feliz pelo Di tê-lo conhecido. Meu "baque" já havia passado. Fê, gostei bastante de você, me desculpa se minha primeira reação não foi das melhores, mas quero lhe dizer que estou muito feliz pelo Di estar com você, gostei de você e o Di está visivelmente feliz! Bem vindo à nossa turma. Fê desabou em lágrimas. "Obrigado, Gui. Você não sabe como é bom ouvir isso. Bem que o Di falou que você sempre foi o mais compreensivo de todos, e que achava que seria o primeiro a falar algo sobre nós dois.".Chegamos ao fim do bosque, era uma área grande, com grama e uns matos maiores em alguns pontos. À nossa direita, há uns metros, havia um lago e do outro lado dele, a sede de uma fazenda. É aqui! Disse ao Fê. "Mas será que aqui não faz parte da fazenda?". Não sei, mas acho que não tem problema. Não faremos nada demais, o que acha?. "Vamos voltar e buscá-los então.".Voltamos, contamos sobre o lugar que achamos e todos toparam acampar alí. Peguei meu carro e deixei estacionado entre duas árvores no bosque, pra não ficar muito à vista. Descarregamos o carro e fomos à área escolhida. Todos gostaram da vista do lugar. Montamos as barracas, em uma ficaríamos eu, Jorge e Tiago, e na outra o Di e o Fê. Deixamos nossas coisas dentro delas e fomos dar uma volta. O lago era límpido e haviam vários peixes. Na outra margem podíamos ver uns patos nadando também. Colhemos alguns gravetos pra acendermos uma lareira a noite e voltamos ao acampamento.Quando chegamos, Jorge já sacou uma garrafa de vinho e começamos a beber. Enquanto isso Di acendeu o fogão de acampamento e ferveu água pra nos fazer um macarrão. A viagem estava sendo melhor do que imaginava. Em poucas horas todos estávamos entrosados e rindo muito. Cada um contando suas histórias. Começou a anoitecer. "Vamos dar um mergulho antes que fique escuro demais!", disse Tiago já correndo em direção ao lago. De repente todos fomos correndo atrás dele. Di antes de correr pegou outra garrafa de vinho, a abriu e se juntou a nós. Deixamos as roupas num arbusto ao lado do lago. Parecíamos crianças. Brincávamos de jogar água uns nos outros, de dar caldos e ríamos bastante. Começamos a cansar e saímos da água. Voltamos ao acampamento, acendemos a fogueira e ficamos nos secando ao redor dela. A noite estava muito estrelada. Não havia uma nuvem no céu, só as estrelas e a lua nos iluminando. "Fazia tempo que eu não me divertia tanto... Estava com saudade de vocês, seus putos!". "É Di, eu também estava. Quer mais um gole?". Ti passou a garrafa pra ele e já abriu outra. Bebemos muito essa noite, perdemos a noção de tempo. Ninguém queria ter controle de horários, ficar olhando o relógio... Estávamos alí pra relaxar."Nossa, o sol já está nascendo, olhem lá no lago! Acho que vou dormir um pouco, vamos Fê?! Até daqui a pouco.". Di entrou na sua barraca e fechou a porta. Acho q vou descansar um pouco também, senão não aguento fazer nada amanhã. Não somos mais adolescentes, né?! "Vamos todos então... Mas só porque vocês querem. Eu não estou velho ainda". Entramos na nossa barraca gargalhando e dormimos.

terça-feira, 5 de março de 2013

Depois de anos... Tudo igual mas diferente - parte 3

Como era bom sair de São Paulo com meus amigos de infância... Pegar a Marginal (que milagrosamente estava vazia), me despedir do Tietê, subir pelo viaduto e pegar a estrada.... Que sensação boa! Os vidros abertos, o vento batendo no rosto, a música embalando o carro na estrada... Mas estavam todos muito quietos. Todos estavam incomodados com a nova notícia que o Di nos deu. Precisava fazer algo pra quebrar o gelo, afinal, essa escolha é dele, não nos afetará e temos que respeitar e aprender a conviver com isso.
E então, vocês querem mesmo saber pra onde estamos indo? "Demorou pra dizer, Gui!". Ah, não sei se ainda está na hora de dizer Ti. Vai que vocês resolvem abrir a porta do carro e sair correndo... Todos começamos a rir. "Nossa, agora fiquei curioso. Por que sairíamos correndo?". Relaxa, Jorgito... Falei só pra encher o saco...
Assim o gelo se quebrou. Tiago começou a contar uma história de uma viagem que fez com a ex-namorada e uns amigos dela e que teve essa vontade de sair correndo. Demos muita risada. Di e Fê pareciam mais tranquilos e entrosados. Jorge e Ti pareciam ter esquecido que o Fê era o namorado do Di, pelo menos por enquanto, até fizeram brincadeiras que fazíamos na infância e deixavam o Di constrangido por estar acompanhado.
Depois de uns quilômetros rodados e muito verde passar resolvi parar no acostamento. "Aconteceu alguma coisa?". "Por que paramos, Gui?", começaram a perguntar.
Então, parei pra dizer pra onde estamos indo.... "E pra onde??", questionou Di. Minha idéia é entrar por aquela estradinha de terra que tem alí a frente até acharmos um bom lugar pra acampar... Topam??
"Pô, Gui... Acampar? Não estamos muito velhos pra isso não?". "Claro que não, Jorge. Acampar é bom, nos deixa mais próximos, temos contato com a natureza, não era isso que vocês queriam", disse Fê.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Depois de anos... Tudo igual mas diferente - parte 2

Tocou a campainha. Com certeza é o Diego. Ele sempre chegava antes de todos. Fui até a porta e me surpreendi. Não era ele, era Jorge, com seu sorriso largo.
Sentamos no sofá e peguei uma cerveja pra ele. "Não acredito que fui o primeiro a chegar. As coisas realmente mudaram". Conversamos sobre tudo, ele me disse que estava solteiro e que era personal trainer, dava pra notar, seu corpo estava sarado demais. Não se passaram 10 minutos e a campainha tocou novamente. "Quem será agora, Gui?"
"Guilherme!!! Quanto tempo meu rapaz!!" disse Tiago me dando um forte abraço quando abri a porta. "Bela casa a sua... Já estão todos aí??? Jorge, como vc mudou!! Tá saradão, mano!" Disse adentrando a casa e observando todos os detalhes. Sentamos no sofá, Jorgito, como o chamávamos na época, foi buscar uma cerveja pro Tiago e continuamos a conversa. Era muito bom saber que todos esteríamos reunidos novamente... "Muito estranho o Di não ter chegado ainda, né?! Será que ele não virá?", disse Jorge. "Vou ligar pra ele", disse Ti pegando o telefone. "Di, onde você está, velho?! Você sempre era o primeiro a chegar, só falta você aqui! (...) tá bom, tchau!". "Ele disse que está a um quarteirão daqui, disse que atrasou porque está trazendo alguém pra ir junto." Nossa, ele não me disse que estava namorando, ele falou algo pra vocês? - perguntei. "Não disse nada. Ele nunca foi de falar muito sobre quem ele pegava, né?! Vamos ver como é a mina dele".
Foi só o Ti terminar de falar que tocou a campainha. Nós três fomos até a porta o receber. "Ae, até que enfim!!", dissemos juntos ao abrir a porta. Mas em seguida todos ficamos parados e sem graça, sem ação. Os sorrisos congelaram. Depois de um tempo o Di quebrou o gelo: "Não vão me convidar pra entrar? Deixei minha moto bem na frente da garagem, tem problema?" E foi entrando. E nós acompanhando, mas sem entender direito. Sentamos e ele permaneceu em pé: "Pessoal, esse é o Fê, meu namorado. Sei que vocês não esperavam isso, mas se eu falasse antes achei que poderia ser pior, então resolvi falar agora. Espero que não se importem. Nunca havia falado nada pra vocês, mas faz pouco tempo que comecei a sair com caras. E ele é gente boa. Durante a viagem vocês perceberão, e verão que continuo o mesmo. Tudo bem? (...) Digam alguma coisa!".
Sem problema algum, desculpa pela nossa reação, é que não esperávamos isso, mas sem problemas. Querem mais cerveja? Podemos ir? Vamos carregar o carro? Todos concordaram e fomos até o carro. Depois que colocamos todas as coisas no carro, entramos. Fui dirigindo, ao meu lado foi o Ti, no banco de trás, Di e o namorado e nos bancos de trás, Jorge. "Pra onde vamos mesmo?", perguntou Di. "O Gui falou que seria surpresa. Pra onde vamos, Gui?" Peraí, vamos sair e no caminho eu conto, Jorgito. Alguém trouxe pendrive com música ou posso colocar as minhas mesmo? "Eu trouxe um pendrive", disse o Fê. "Mas... que músicas tem aí? Lady Gaga, Britney Spears...?", perguntou o Ti, sem graça e meio constangido. Fê respondeu dando risada: "Até aprece que eu escuto essas coisas. Tem umas bandas de indie e uns folks aí, pode ser?" Coloquei o pendrive e começamos nossa viagem ao som de Little Joy.