sexta-feira, 2 de março de 2012

Viagem prá Pirá(cicaba)


Para qualquer lado que eu olhava só enxergava amarelo. Ás vezes sentia um leve vento acalmar meu rosto. Parecia um deserto, andava e andava sem chegar a lugar nenhum, as dunas continuavam sendo as únicas coisas que eu via por todos os lados. Algo brilhou com o sol alguns metros à minha frente. utilizei minhas últimas forças e cheguei ao local, eram pequenos diamantes fincados na areia. Diamantes no deserto?? Os peguei. Em menos de 3 segundos foram escorrendo pelas minhas mãos, como se derretessem. Viraram gotas d'água, como as que escorrem pela minha testa desde que cheguei aqui.

Os reflexos do sol nas janelas dos apartamentos vizinhos me deixavam mais mole e irritado. Nunca gostei de calor, e esta cidade está insuportavelmente quente. Depois de um banho gelado decidimos sair de casa. O barulho da queda do rio nos chamava. A cada passo que dava em cima da velha ponte de madeira sentia sua força. As garças, com suas pernas fininhas, pareciam nem se incomodar ou sentir sua violência. Mais ao lado, uma outra vazão da queda d'água. As gotas parecem apostar corrida enlouquecidas. vale tudo! Essa corrida era hipnotizante, não conseguia desviar o olhar. Aos poucos ia sentindo meu corpo entrando em transe, formigando, acalmando, tonteando, girando.... girando... girando.....

Já estava ficando tonto, não sabia onde fotografar primeiro, essa usina abandonada é um ótimo cenário para fotógrafos amadores como eu. Dá para sentir história e energia pulsar de cada tijolo saltado da parede. Suas janelas são uma entrada para o passado. E o desgaste a prova de uma história que quer continuar lembrada. O sol invade cada galpão com seu ardor indiscutível, vence a barreira do vidro e ilumina as fissuras que tentam permanecer escondidas. Eu queria estar escondido naquelas fissuras, um momento de paz, isolamento, não ser lembrado e nem visto sempre, fugir do calor, das pessoas, me esconder dos holofotes do astro rei, do mundo.

2 comentários:

Vivi disse...

Dani, muito bom ver você no mundo dos blogs. Às vezes uma jornada solitária. Mas eu lembro do Carlos Fuentes dizendo: Eu escreveria até mesmo se eu não tivesse nenhum leitor. Escrever é terapia, assim como fotografia. Ainda bem que não somos lúcidos e podemos divagar sobre coisas imaginárias. Amei o nome!

d. disse...

Valeu guria!!!
E adorei essa frase do Carlos Fuentes!

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